“É preciso que consigamos manter junto de nossas vidas gente que
faz a diferença, que acredita em nós, dando-nos as mãos para comemorar,
para consolar e para nos guiar em direção à luz, ao amanhecer de nossa
alma.”
Um dos melhores conselhos que podemos levar conosco diz respeito à
necessidade de cultivarmos as nossas amizades mais especiais, de amarmos
de volta quem nos ama verdadeiramente, porque com eles poderemos sempre
contar, sem sobra de dúvida. Mesmo assim, muitas vezes acabamos
mantendo perto de nós quem não faz a mínima questão de estar ali, quem
não soma nada, de quem, na verdade, deveríamos nos afastar.
A vida hoje se constitui, em grande parte, de valores ilusórios, em que
as aparências são supervalorizadas, em detrimento da essência, dos
sentimentos, prevalecendo o material sobre o espiritual. Com isso, somos
atraídos pelo que as pessoas possam oferecer em termos de status,
popularidade, conforto material, relegando a segundo plano o que nos é
mais caro: a afetividade, o sentimento, a verdade de cada um.
E, assim, muitas vezes nos esquecemos das amizades sinceras, partindo em
busca das mais interessantes; não enxergamos quem nos ama com verdade,
pois procuramos alguém cuja imagem seja mais condizente com a estética
ideal; perdemos grandes oportunidades de nos realizarmos
profissionalmente, enquanto ansiamos por empregos rentáveis. Quanto mais
nos apegarmos ao externo, mais nos perderemos daquilo que somos de
fato, dentro de nós.
Da mesma forma, vamos nos afastando de quem nos faz bem, de quem nos
abre sorrisos sinceros, de quem completaria nossa vida em todos os
sentidos, na dor, no contentamento, no amor. Já disse Exupéry ser o
essencial invisível aos olhos, posto que tudo de que nossa alma precisa
não se compra, pois não tem preço. E, sem que alimentemos a nossa
essência, permaneceremos vazios e incompletos, ainda que estejamos
rodeados de luxo.
Por isso é tão difícil amar. O amor não permanece no que não é
verdadeiro, não se sustenta no que é apenas aparente. O amor precisa de
essência, daquilo que não se compra, não se comercializa, não se
corrompe. O amor não se veste com grifes, tampouco acompanha
relacionamentos interesseiros, ou se impressiona com corpos perfeitos.
Amor é entrega e reciprocidade, amor vem de dentro e ali se instala, na
sinceridade de corações transparentes.
É preciso que consigamos manter junto de nossas vidas gente que faz a
diferença, que acredita em nós, dando-nos as mãos para comemorar, para
consolar e para nos guiar em direção à luz, ao amanhecer de nossa alma. É
preciso que nos acomodemos nos ambientes em que, mais do que conforto,
haja sorrisos sinceros e admiração mútua, onde podemos ser e aparentar
tudo o que temos dentro de nós e mesmo assim obter aceitação sincera.
Nada nos fará mais falta na vida do que tudo aquilo que pudemos ter
sem precisar comprar, porque é isso que nos acalentará durante as duras
despedidas que a vida nos obriga a vivenciar. Porque então o amor
vencerá tudo, até mesmo a dor da morte.
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