As
provações nos fortalecem para o combate espiritual; por isso, os
Apóstolos sempre estimularam os fiéis a enfrentá-las com coragem. São
Pedro diz: “Caríssimos, não vos perturbeis no fogo da provação, como se
vos acontecesse alguma coisa extraordinária. Pelo contrário, alegrai-vos
em ser participantes dos sofrimentos de Cristo...” (1 Pe 4,12).
Ensinando-nos que essas dificuldades nos levarão à perfeição: “O Deus de
toda graça, que vos chamou em Cristo à sua eterna glória, depois que
tiverdes padecido um pouco, vos aperfeiçoará, vos tornará inabaláveis,
vós fortificará” (1 Pe 5,10).
O
mesmo Apóstolo ensina-nos que a provação nos “aperfeiçoará” e nos
tornará “inabaláveis”. É importante não se deixar perturbar no fogo da
provação. Não se exasperar, não perder a paz e a calma, pois é
exatamente isso que o tentador deseja.
Uma
alma agitada fica a seu bel-prazer. Não consegue rezar, fica irritada,
mal-humorada, triste, indelicada com os outros e acaba deprimida.
O
antídoto contra tudo isso é a humilde aceitação da vontade de Deus no
exato momento em que algo desagradável nos ocorre, dando, de imediato,
glória a Deus, como São Paulo ensina:
"Em todas as circunstâncias dai graças, pois esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus" (1 Tes 5,16).
É
preciso fazer esse grande e difícil exercício de dar glória a Deus na
adversidade. Nesses momentos gosto de glorificar a Deus, rezar muitas
vezes o “Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo...” até que minha
alma se acalme e se abandone aos cuidados do Senhor.
Essa
atitude muito agrada ao Senhor, pois é a expressão da fé pura de quem
se abandona aos Seus cuidados. É como a fé de Maria e de Abraão que
“esperaram contra toda a esperança” (cf. Hb11,17-19), e assim, agradaram
a Deus sobremaneira.
Da
mesma forma, Jó agradou muito ao Todo-poderoso porque no meio de todas
as provações, tendo perdido todos os seus bens e todos os seus filhos,
ainda assim soube dizer com fé:
"Nu saí do ventre da minha mãe, nu voltarei. O Senhor deu, o Senhor tirou; bendito seja o nome do Senhor!" (Jo 1,21).
O
Jardineiro Divino da nossa alma sabe os métodos que deve empregar para
limpar cada alma. Não se assuste com as podas que Ele fizer no jardim de
sua alma.
“As nossas tribulações de momento são leves e nos preparam um peso de glória eterna” (II Cor 4,17).
As
ofensas, as injúrias, os desprezos, os cinismos irritantes, as doenças,
as dores, as lágrimas, as tentações, a humilhação do pecado próprio,
etc., nos são necessários, pois nos dão a oportunidade de lutar contra
as nossas misérias.
Isso
tudo, repito mais uma vez, não quer dizer que Deus seja o autor do mal
ou que Ele se alegre com o nosso sofrimento, não. O que o Senhor faz, de
maneira até amável, é transformar o sofrimento, que é o salário do
próprio pecado do homem, em matéria-prima de nossa própria salvação,
dando assim, um sentido à nossa dor.
A
partir daí, sob a luz da fé, podemos sofrer com esperança. É o enorme
abismo que nos separa dos ateus, para quem a dor e a morte continuam a
ser o mais terrível dos absurdos da vida humana.
A provação produz a perseverança, e por ela, passo a passo, chegaremos à perfeição, como nos ensina São Tiago.
“Nós nos gloriamos também nas tribulações, sabendo que a tribulação produz a perseverança...” (Rom 5,3-5).
Sofrer
com paciência é sabedoria, pois assim se vive com paz. Quem sofre sem
paciência e sem fé, revolta-se, desespera-se, sofre em dobro, além de
fazer os outros sofrerem também.
Santo
Afonso disse que “neste vale de lágrimas não pode ter a paz interior
senão quem recebe e abraça com amor os sofrimentos, tendo em vista
agradar a Deus”. Segundo ele “essa é a condição a que estamos reduzidos
em consequência da corrupção do pecado”.
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